Venho compartilhar com vocês um pouco da minha preocupação e dos acontecimentos destes últimos dias.
Quarta-feira da semana passada (dia 21 de abril) começa a chover à tardinha. Não é anormal chover, então, nada de preocupações. Mas esta chuva só dá um pouco de trégua na sexta-feira, dia em que um professor meu comenta que o rio já estava com 4 metros acima do nivel e que a previsão pra este final de semana era de muita chuva.
A gente se preocupa, mas tem que continuar vivendo. Então sexta à tarde eu fui pro meu estágio, dar duas aulas de ciências sobre sistema reprodutor feminino e fecundação em uma sétima série. E logo depois, como a escola que eu estou estagiando fica perto da rodoviária (e a chuva tinha dado uma trégua), vou pra lá à pé pois tinha passagem comprada para ir pra Joinville visitar meus pais.
Nível do rio em Blumenau ontem à tarde.
E neste final de semana não parou de chover. Ontem comprei minha passagem pra voltar pra Blumenau hoje pela manhã, mas antes de sair de casa lá pelas 6 e 40 da manhã entro na internet e confiro o nível do rio em Blumenau: 7,76. E agora? Decido ir pra Blumenau. Meu pai me leva até a rodoviária e no meio do caminho me pergunta se não é melhor ficar (acho que ele também ficou apreensivo). Vendemos a passagem e continuei por aqui.
Mas, o que me preocupa não é a enchente, sabe? A previsão pros próximos dias não é de chuva. A maioria das casas que alagam podem ser limpas e as pessoas voltam a morar nelas. É claro que elas também perdem, mas perdem muito menos do que outras, ainda tem seu ponto de referência.
O que me preocupa são as pessoas que vivem em locais de risco e que a qualquer momento podem perder suas casas e tudo que tem nelas simplesmente porque a terra cedeu e levou todos os sonhos e lembranças da família que alí morava.
Não sei se eu estou certa em pensar assim, mas... Pessoal, ainda tem gente que perdeu tudo em 2008 na catástrofe e que está em ABRIGOS! Depois de dois anos, ainda tem famílias em abrigos.
E é nesta hora que eu agradeço por nada ter acontecido comigo e com a minha família, pois alguns familiares também moram em Blu.
E penso que algo tem que ser feito. Mas já tentamos fazer no festival OASIS em outubro/novembro do ano passado e tudo o que foi pensado e planejando para aquele festival (pensar em estratégias para tornar SC sustentável) não aconteceu pois a comunidade que precisaria participar não estava presente. E o pessoal do movimento discutiu sobre isso no final de novembro em Paraty e chegamos a conclusão de que as pessoas de Santa Catarina não estão prontas para discutir sobre e firmar este pacto de sustentabilidade. Mas quando, então?
Juro pra vocês que estou pensando com todo o coração o que poderia ser feito.
Se alguém puder me ajudar com algumas idéias espetaculares.
Me despeço de vocês com a cabeça a mil e o coração apertadíssimo.
Uma boa semana e muita energia positiva pra todos.